Setembro Dourado: De todas as doenças, o câncer é a principal causa de morte entre crianças e adolescentes no Brasil
A cada ano, cerca de 9 mil novos casos de câncer infantojuvenil surgem no país. Se feito o diagnóstico precoce e o tratamento em centro especializado, as chances de cura podem chegar a 80%. Infelizmente, no Brasil muitos pacientes ainda são encaminhados aos centros de tratamento já com a doença em estágio avançado. A falta de diagnóstico precoce associada à limitação de acesso a tratamento especializado faz com que a taxa de mortalidade do câncer infantojuvenil no Brasil seja o dobro da verificada em países desenvolvidos.
Em recente publicação internacional de um pesquisador do Instituto do Câncer Infantil (ICI) foi demonstrado que pacientes no Rio Grande do Sul tratados em centros com maior expertise tem índices de cura significativamente superiores àqueles tratados em centros com menor volume anual de casos, e, por consequência, menor experiência.
Fruto de incrível mobilização da Sociedade Civil Organizada nos últimos 20 anos no nosso Estado e no País, foram criados inúmeros centros especializados. Estes centros apresentam hoje resultados expressivos nos índices de cura da doença, semelhante ao que se observa na Europa e Estados Unidos. Entretanto, os resultados no país como um todo ainda são insatisfatórios.
Atualmente as políticas públicas vigentes tem como essência o modelo de câncer de adultos, que é muito distinto do perfil de doença mais agressiva e de maior complexidade, característica da maioria dos tumores pediátricos.
Visando aprimorar a assistência a crianças e adolescentes com câncer no nosso Estado foi criada a Lei Manu, iniciativa do Deputado Zucco, com apoio do ICI. Esta lei foi aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa e sancionada pelo Governador Eduardo Leite em agosto de 2020. Agora, com o apoio da Secretaria Estadual da Saúde, ela está sendo implementada de fato, viabilizando: 1) garantir uma linha de cuidados específica para o câncer infantojuvenil; 2) aprimorar a habilitação e contratualização dos Hospitais de referência; 3) implantar um serviço de telemedicina e 4) capacitar profissionais da saúde para facilitar o diagnóstico precoce.
Na esfera nacional, por iniciativa do Deputado Bibo Nunes e com apoio do ICI e outras entidades no País, está mobilizando o Congresso Nacional para, a exemplo da Lei Estadual, viabilizar a criação de uma Lei Federal na mesma linha de aprimorar o modelo vigente de assistência a crianças e adolescentes com câncer. O Projeto de Lei já foi aprovado na Câmara dos Deputados também por unanimidade na Comissão de Seguridade Social e Família e Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Na sequência estará tramitando para aprovação no Senado Federal, antes de ser sancionada pelo Presidente da República.
O Setembro Dourado e o uso de laços de fitas na cor dourada tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a importância de apoiar as entidades que lutam para combater a doença e desenvolver ações educativas para pais, professores e profissionais da saúde visando reconhecer precocemente sinais e sintomas sugestivos de câncer infantojuvenil.
A união de profissionais da saúde, gestores de saúde pública, empresas com visão de empreendedorismo social, trabalho voluntário e apoio de pessoas solidárias tem contribuído para que cada criança e adolescente tenha a melhor chance de enfrentar a doença no Rio Grande do Sul.
Dr. Algemir Brunetto
Oncologista pediátrico; fundador e superintendente do Instituto do Câncer Infantil